segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Feliz Natal

A arte é também apenas uma maneira de viver. Pois arte é infância. Arte significa não saber que o mundo já é, e fazer um. Não destruir nada que se encontra, mas simplesmente não achar nada pronto. Nada mais que possibilidades. Nada mais que desejos. E, de repente, ser realização, ser verão, ter sol. Sem que se fale disso, involuntariamente. Nunca ter terminado. Nunca ter o sétimo dia. Nunca ver que tudo é bom. Insatisfação é juventude. (Rainer Maria Rilke)

Natal. Época de nostalgia da infância. Momento em que a beleza da vida exala no ar. Sinto assim, como se os dias ficassem mais belos e despertasse uma fé no que está por vir. A saudade da infância está nessa inocência que brota em nosso interior. Esse olhar da criança que acredita que tudo é possível. Que faz lista dos seus desejos na convicção de que serão realizados. No deslumbramento pelo novo. Na alegria de viver a cada instante. Na realização que se tem no brincar com a vida. E é assim que o Natal está chegando para mim. Essa data me remete ao nascimento de Jesus, que vem a Terra com Boas-Novas. E penso que só tendo um coração de criança para permitirmos que as boas-novas de Deus e da vida afetem nossa alma e iluminem nosso coração.

Que o Natal possa tocar cada um de nós despertando novas possibilidades para a vida, a beleza da esperança, independente das dificuldades e adversidades. Que possamos ter a inocência de criança para acreditarmos que o melhor está por vir. Que resgatemos nossa capacidade de sonhar, de nos surpreender. Que nossos olhos brilhem de alegria. Que estejamos sensíveis ao outro. Que desperte em nós a arte da infância, a arte como modo de viver, como o poeta diz “Não achar nada pronto. Nada mais que possibilidades. Nada mais que desejos”. Que a arte inunde nossa alma e desperte nosso olhar para juventude da vida.

É assim que desejo a você um Feliz Natal!

Larissa Silva

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A essência além dos fatos

"É preciso esquecer os fatos para que as essências apareçam". (Rubem Alves)

Dores ecoam dentro de mim, tento permanecer com a certeza de que um momento de beleza está vindo a nascer. E que essa dor é como a de uma mulher prestes a dar a luz, dores que antecedem a vida.

Brota nos olhos lágrimas, um choro que parece lavar a alma, numa tentativa de se livrar dessa estranha sensação que no interior faz habitação. Músicas afetam meu ser, invadem o peito e nelas busco iluminar esse escuro do coração.

Mas como um barco a deriva, vou fluindo sem saber em qual destino me entregar, pois derepente nas mãos tudo parece escorregar. Como a água que não é possível segurar e as ondas do mar que não se pode controlar.

Avisto pontos de luz, não clareiam todo o ambiente, mas apontam sinais de uma terra iluminada. Os pontos de luz estão resplandecendo das palavras do poeta, a poesia abriu possibilidade de novos caminhos, tocou o coração e abriu janelas da alma para sentir o cheiro de águas sagradas. A poesia acolheu a angústia e confortou o coração. A beleza das palavras despertou os olhos para uma vida que está além dos fatos, que está na essência do ser, na arte de viver, ao alcance do sonhador.

Assim, um bálsamo está inundando meu ser, como uma brisa leve que toca o rosto e refresca o corpo. Está fluindo calmamente uma vontade de acreditar no verão que virá. Na essência para além dos fatos. Decido acreditar, que certamente as dores que me tomaram, anunciam o parto de um lindo fruto que está para nascer. Sofro a dor da incerteza, para que possa ver brotar a vida com beleza.

Nessa fé quero viver e fazer questão de celebrar a experiência de ser.

(Larissa Silva)