segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Angústia, aprendizado para vida

“Aprender a angustiar-se é uma aventura que todos tem de experimentar” (Kierkegaard)

Percebo uma sensação que por diversos momentos paira no interior da vida de todo ser humano, a angústia. Esse nó na garganta, essa apreensão sem saber o porquê e como, que derepente invade o íntimo do nosso ser sem se fazer entender. Numa experiência angustiada, tomei um artigo de filosofia para ler e me deparei com as palavras de Kierkegaard “Aprender a angustiar-se é uma aventura que todos têm de experimentar”. Que surpresa ler sobre um sentimento atual. Reflito sobre esse aprendizado, e compreendo que na existência essa vivência tem significados profundos.
Ao nos enxergamos, identificando quem somos, o que sentimos e o que possuímos, abrimos uma porta para a angústia em nossa vida. Por vezes ela é fruto da autoconsciência e da liberdade humana. Isso aponta para os questionamentos “Quem eu sou?” e “Para onde eu vou?”.
Pare e pense em como responder tais questões, se sabe exatamente quem é e onde quer chegar, nessa responsabilidade de assumir sua identidade e sustentar suas escolhas. No vazio que advém dessa independência de viver a própria individualidade.
Nesse contexto percebo o quanto nossa independência precisa ter limites. É importante pensar que nossa individualidade é limitada, sim, pela necessidade que temos de reconhecer que somos parte de um universo muito mais amplo e profundo.
Penso que a vida humana é constituída através de vários órgãos de um só corpo, ou seja, cada um de nós é apenas uma parte desse grande corpo que é o universo. Se olharmos ao nosso redor e prestarmos atenção em tudo que nos cerca, podemos nos perguntar se realmente temos condições de sermos independentes em nossa trajetória de vida.
Ao olhar para nosso interior é possível perceber o quanto somos carentes e necessitados do que é externo a nós, do que parece que não nos pertence, mas que ao mesmo tempo tem tanto do que somos.
Segundo Dostoievski, “Todo homem tem dentro de si um vazio do tamanho de Deus”. Essas palavras trazem um impacto profundo dentro de mim e fazem parte de minha cosmovisão.
Sim, creio que temos um vazio interior capaz de provocar essa angustia humana, que está totalmente ligado a nossa necessidade existencial de nos relacionar. E uma relação primordial que se faz necessário é a relação com um Ser Superior e Divino, é a grande necessidade que temos de Deus em nossa vida, pois só Ele para suprir esse vazio que está em nós. O âmago do nosso ser deseja essa relação com Deus.
Quando temos a compreensão dessa necessidade, podemos perceber que uma relação verdadeira com Deus está ligada também, a uma relação de amor com tudo aquilo que é criação dEle. Sendo assim, podemos entender a necessidade de nos relacionar com os outros seres humanos e com a natureza (vegetais, animais, água, terra). Amar a Deus está intimamente ligado a amar a tudo que vêem dEle.
"Todas as coisas são interligadas como o sangue que une uma família. O queacontecer a Terra, acontecerá com seus filhos. O homem não pode tecer a trama da vida; ele é meramente um dos fios. Seja o que for que ele faça à trama, estará fazendo consigo mesmo". (Chefe Indígena Seattle/EUA)
Sabiamente falou esse índio, somos parte de tudo que há na Terra, nossas vidas estão totalmente conectadas e dependentes umas das outras. Se desprezar qualquer ser que vive, estarei desprezando uma parte de mim que existe fora de mim. É urgente reconhecermos essa realidade para darmos um sentido a nossa trajetória de vida apoiada na verdade.
Precisamos entender as palavras de Jesus: “Para que sejam um, como nós o somos, Eu neles, e Tu em mim, afim de que sejam aperfeiçoados em unidade” (Jo 17:22-23)
Jesus sabia que era um com Deus, e que nós poderíamos fazer parte dessa unidade, uns com os outros e assim com Ele. Que através da unidade seremos aperfeiçoados.
Sendo assim, espero que nossa angústia gere a humildade de reconhecer nossa pequenez, carência e dependência de Deus e toda sua Criação.
Não estamos SÓS, não somos ÚNICOS. Estamos todos juntos no desafio de viver a vida. Que consigamos reconhecer nossa existência como extensão de toda vida que há na Terra.
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Larissa Silva

2 comentários:

Rodrigo de Assis Passos disse...

Pequenas gentilezas

Foi bom te ouvir.
Falei muitas vezes com um amigo
que tinha em seu coração.
Foram lamúrias, mas algumas poderam me curar.
Quis ser fácil, te formar alado.
Pra esquecer as lembranças.
E todas as lágrimas que te trouxeram até a mim.
Descalço, sentimos que tudo ainda existe sobre nossos pés.
Demos nossas mãos, e podemos fazer algumas resenhas.
Sem a precipitação de ver o que representava
o pranto cristalizado em cada palavra.


Rodrigo Passos

Robson disse...

hey!
que descoberta agradável, seu blog!

acho q o caminho para um novo renascimento da humanidade passa, necessariamente, pela consciência dessa dependência que temos um do outro; mas não uma dependência que recebe, somente, e sim uma que conhece o valor de se doar =D

gostei!